Os veículos elétricos são uma das chaves para a descarbonização do planeta e figuram como a principal “arma” sustentável para a mobilidade urbana. A Latam Mobility organizou um encontro de alto impacto no Brasil, reunindo líderes do setor e especialistas para discutir as perspectivas.
Assim, deu início a uma mesa-redonda intitulada “Perspectivas para o mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil: Tendências, Indústria e MaaS”, que contou com Paulo Henrique, CEO da IturanMob, Fabio Rua, vice-presidente da General Motors na América do Sul, Marcio Alfonso, diretor de engenharia e PDI na GWM e Henry Joseph Junior, diretor técnico da ANFAVEA.
Todos eles debateram pontos interessantes e chave sob a moderação de Fernando Trujillo, consultor da S&P Global Mobility Consulting Services.
Mudanças importantes
Paulo Henrique, representante da IturanMob, destacou as mudanças significativas que estão ocorrendo na indústria automotiva em termos de eletrificação, novos combustíveis e nos hábitos de uso e gestão eficiente de dados.
“Estamos em um momento de transformação que afeta tanto a tecnologia dos veículos quanto a maneira como os utilizamos, impulsionada em parte pela integração da internet em nossas vidas cotidianas”, afirmou.
Sobre a empresa IturanMob, multinacional israelense, expandiu seu serviço de compartilhamento de carros para 27 países, abordando a transição de carros de combustão para elétricos e melhorando a eficiência no uso compartilhado de veículos e na gestão de dados.
“O Brasil enfrenta desafios na infraestrutura necessária para suportar carros elétricos, a ansiedade pela carga e a disponibilidade de estações de carregamento. No entanto, houve avanços significativos nesses aspectos nos últimos anos”, prosseguiu.
Atualmente, a IturanMob tem cerca de 800.000 carros no Brasil equipados com seus dispositivos, coletando dados valiosos que ajudam os fabricantes de automóveis e operadores de energia a planejar melhor a distribuição de carga e o uso de veículos elétricos.
General Motors no Brasil
Fabio Rua, executivo da General Motors, conversou sobre vários pontos chave sobre a situação e perspectivas da empresa no Brasil, bem como sobre a indústria automobilística em geral.
Nesse sentido, destacou a relevância do momento que a General Motors está vivendo no Brasil, celebrando quase 100 anos de operação contínua no país, atravessando diversos ciclos políticos, econômicos e sociais.
“A empresa cresceu e contribuiu significativamente para o desenvolvimento tecnológico e para a geração de empregos”, afirmou. Rua ressaltou que o setor automobilístico está no meio da maior transformação de sua história, referindo-se à transição de veículos de combustão para veículos elétricos.
Essa mudança é tecnológica, alterando a forma de condução e a experiência do usuário, o que implica adotar novos modelos e paradigmas, especialmente no que diz respeito à recarga dos veículos elétricos, o que pode gerar ansiedade em alguns consumidores.
Além disso, mencionou o rápido avanço na adoção dessa tecnologia e como a entrada de novos participantes na cadeia automobilística tem sido positiva para acelerar esse processo. Rua afirmou que há espaço tanto para veículos de combustão quanto para veículos eletrificados em diferentes ambientes.
“Os próximos lançamentos da GM no Brasil, tanto elétricos quanto de combustão, esses últimos sendo cada vez mais eficientes energeticamente. Sou otimista sobre a redução de emissões e o futuro menos poluente dos veículos de combustão”, concluiu.
Era diferente
Marcio Alfonso, representante da GWM, falou sobre a importância dos avanços tecnológicos na indústria automotiva e a necessidade de descarbonizar o sistema de transporte. Com quatro décadas de experiência no setor, enfatizou que estamos vivendo uma era muito diferente e emocionante para a tecnologia automotiva.
Ressaltou que os motores de combustão interna continuam sendo relevantes, especialmente no Brasil, devido à sua eficiência e à possibilidade de utilizar combustíveis de fontes renováveis. Apontou os avanços em motores turbo, a eletrônica refinada e os sofisticados sistemas de controle de emissões.
Além disso, mencionou as inovações em transmissões elétricas integradas, sistemas de tração nas rodas e a incorporação de inteligência artificial nos veículos. Essas tecnologias permitem maior eficiência energética, redução do consumo e das emissões, contribuindo assim para a qualidade do ar nas grandes cidades e para a segurança veicular.
Também destacou a importância da segurança nos veículos e o controle do ciclo de vida dos produtos, desde sua fabricação até seu reciclagem. Concluiu afirmando que este é um momento fascinante para a indústria devido a esses desenvolvimentos e à capacidade de oferecer soluções mais eficientes e seguras.
O papel do Brasil
Henry Joseph Junior, executivo da ANFAVEA, abordou vários temas chave relacionados com a indústria automotiva e a mobilidade sustentável, comentando a importância da descarbonização e o impacto ambiental das tecnologias de transporte, mencionando que, embora os biocombustíveis sejam úteis, não resolvem todas as necessidades da indústria.
Joseph enfatizou a necessidade de o Brasil avançar para a eletrificação e desenvolver infraestruturas adequadas no setor de autopeças e baterias, para apoiar a produção local de veículos elétricos. Deu as boas-vindas a novas empresas, especialmente chinesas, que estão entrando no mercado brasileiro e contribuindo para a criação de empregos e desenvolvimento de infraestrutura, o que é vital para a exportação de produtos.
Destacou os programas governamentais como Inovar-Auto, Rota 2030 e Mover, que apoiam a evolução do setor para a sustentabilidade. “O Brasil enfrenta desafios na exportação de produtos automotivos e na necessidade de aumentar a quota de mercado na América Latina para alcançar volumes de produção adequados”, afirmou.
Também mencionou a importância de nacionalizar componentes e os investimentos significativos realizados pelos fabricantes de automóveis, graças à previsibilidade proporcionada por esses programas governamentais.
Finalmente, Joseph destacou a preocupação com a capacidade instalada não utilizada na indústria automotiva brasileira e a concorrência de produtos fabricados em outros lugares, reiterando a importância de abordar esses temas com atenção para assegurar o crescimento e a sustentabilidade do mercado automotivo brasileiro.