No âmbito do encontro Latam Mobility México 2025, foi realizada a conversa em destaque “Eletromobilidade responsável: impulsionando frotas mais inteligentes”, que reuniu duas vozes do setor: Krystel Villalvazo Méndez, Gerente Sênior de Contas LatAm da Geotab, e Jorge Jiménez Sólomon, Líder de EV da Element Fleet Management.
O diálogo, concebido como um espaço interativo com o público, aprofundou a transformação do paradigma da mobilidade elétrica, posicionando os dados como o ativo fundamental para passar da experimentação à implementação estratégica e escalável.
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México: panorama de oportunidades
Ao iniciar a sessão, Krystel Villalvazo, da Geotab, passou a palavra a Jorge Jiménez para explorar o panorama atual da eletromobilidade na região. Em vez de se concentrar nos obstáculos, ele destacou a posição única do México para capitalizar essa transição. “Quero mudar um pouco o discurso sobre isso, porque acredito que o país tem uma grande oportunidade na área da eletromobilidade”, afirmou, apontando dois fatores-chave.
Em primeiro lugar, destacou a robusta indústria automotiva nacional, responsável por 16% do PIB industrial. “De qualquer forma, teremos que fazer a transição da produção de carros, sejam eles elétricos, a hidrogênio ou qualquer tecnologia que ainda não conhecemos”, garantiu.
Em segundo lugar, identificou o México como um epicentro crescente de investimento em centros de dados. “O México não só será pioneiro na fabricação de qualquer carro com tecnologia inovadora e menos poluente, mas também poderá deixar de ser aquele país clássico de manufatura e passar a atrair investimentos em questões de dados”.
Das chaves aos dados
A conversa evoluiu para a metodologia de implementação. Jorge Jiménez lembrou como, há apenas três ou quatro anos, o processo se baseava em entregar as chaves do veículo para um teste subjetivo. “Na eletromobilidade, entregávamos as chaves do carro para ver se ele realmente funcionava ou não, e o CAPEX já era a sua percepção contra a minha sobre o carro elétrico. Isso mudou totalmente”, explicou.
Hoje, a estratégia é dividida em fases claras: consultoria, piloto e escalonamento. No entanto, a mudança mais significativa está no núcleo da proposta de valor. “Parece que não vendo ou posiciono mais carros elétricos, mas sim dados”, afirmou Jiménez.
“Desde um cliente em uma empresa familiar que tem um carro elétrico até uma empresa de comércio eletrônico com 5.000 carros com potencial para serem elétricos, a conversa é sempre sobre dados”. A questão central não é mais sobre as características do veículo, mas quais dados ele pode fornecer para comprovar a rentabilidade e a eficiência operacional em relação à combustão.

Rentabilidade e segurança: pilares da eletrificação
Ao aprofundar a aplicação concreta dos dados, Jorge Jiménez dividiu os impulsionadores da eletrificação em dois pilares principais.
Para a maioria das empresas que não têm um objetivo ambiental primário, o principal KPI é a economia. “Quanto se economiza ao mudar de um veículo elétrico para um a combustão? Quanto se economiza entre 1 kW/h e 1 L de gasolina?” são as perguntas críticas que são respondidas medindo a eficiência dos carregadores e dos veículos.
O segundo pilar é a segurança operacional. Jiménez apontou a existência de dúvidas culturais sobre a segurança dos veículos elétricos. “Parte do que nos pedem hoje é provar o contrário. Não me venda como se estivesse em uma agência, sobre quantos airbags o carro tem, mas verifique meus hábitos de direção”.
Aqui, os dados permitem não apenas garantir a segurança do motorista e seu entorno, mas, no caso dos elétricos, estão diretamente ligados à eficiência. “Se não houver bons hábitos de direção e você frear bruscamente, automaticamente a bateria do carro durará menos”, explicou. Assim, melhorar os hábitos por meio dos dados impacta positivamente em ambos os KPIs: segurança e economia.

Eletromobilidade, dados e veículos autônomos
Quando questionado sobre as tendências tecnológicas futuras, Jorge Jiménez afirmou que a conversa já ultrapassou a novidade do carro elétrico. Ele ressaltou que os veículos autônomos gerarão volumes de dados exponencialmente maiores, transformando completamente o negócio das frotas.
“No futuro, o negócio de frotas, o negócio que a Element terá, será um negócio de dados. Não vamos falar sobre o desempenho dos pneus, vamos falar sobre isso através dos dados”, afirmou.
Por fim, Krystel Villalvazo, da Geotab, levantou o desafio de como apresentar essa abundância de informações aos tomadores de decisão, e Jorge Jiménez concordou que a saturação de dados é um problema real. “De nada adianta ter 150.000 veículos conectados e não poder transmitir, de maneira simples e eficiente, uma recomendação pontual a um gerente de frota que tem 30 segundos do seu tempo por dia”, explicou.

O executivo da Element Fleet Management concluiu que o próximo passo evolutivo não é a coleta, mas a interpretação e simplificação. “Já passamos pela parte complexa de conectar tudo, agora é: como tornamos isso simples e eficiente?”
A resposta, afirmou, está em encontrar os parceiros certos. “Estou muito feliz por estarmos nessa jornada com a Geotab, porque não basta ter dados, se você não sabe integrá-los e, muito menos, se não sabe interpretá-los e recomendá-los às empresas”.
A conversa entre a Geotab e a Element Fleet culminou com a reafirmação da importância da colaboração estratégica entre empresas de tecnologia e gestão de frotas para impulsionar uma eletromobilidade não apenas tecnologicamente avançada, mas também responsável, inteligente e focada em gerar valor econômico e operacional tangível.
A seguir, o primeiro dia do Latam Mobility México 2025: