O Geely Holding Group concluiu a aquisição de uma participação de 26,4% na Renault do Brasil, em uma operação assinada no início de novembro que formaliza a entrada do grupo chinês como sócio minoritário na filial brasileira da Renault.
Com essa participação, a Geely acessa a rede industrial e comercial da Renault no Brasil, o que inclui a possibilidade de produzir e comercializar veículos sob ambas as marcas no mercado brasileiro e latino-americano.
O acordo entre a Geely e a Renault busca combinar as capacidades complementares das duas empresas: a Renault traz uma ampla presença industrial e uma rede de vendas consolidada no Brasil, enquanto a Geely contribui com sua plataforma tecnológica para veículos de energia nova (NEV) e sua experiência em eletrificação.
Nesse contexto, está prevista tanto a produção local de veículos Geely nas instalações da Renault quanto a adoção pela Renault de arquiteturas e plataformas NEV desenvolvidas pela Geely, com o objetivo de ampliar a oferta de veículos de baixa e zero emissão para o mercado brasileiro.
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Produção no Complexo Ayrton Senna
No final do mês passado, as empresas confirmaram o início formal da cooperação operacional no Complexo Industrial Ayrton Senna, localizado em São José dos Pinhais (Paraná).
Esse complexo, já operado historicamente pela Renault no Brasil, servirá como base para a produção local de modelos elétricos e eletrificados da Geely, fabricados junto com a linha Renault, com o objetivo de acelerar a presença da Geely no mercado automotivo latino-americano e otimizar a utilização da capacidade instalada.
Como parte da implantação conjunta, a Renault e a Geely anunciaram um plano de investimentos conjunto de 3,8 bilhões de reais (aproximadamente US$ 714 milhões) destinado ao Complexo Ayrton Senna.
Esse pacote de investimentos visa modernizar linhas, adaptar instalações para a produção de NEVs e desenvolver novos modelos localizados com tecnologia compartilhada.
Além disso, as empresas indicaram planos para produzir dois novos modelos baseados na arquitetura NEV da Geely, com lançamento no mercado previsto para o segundo semestre de 2026, e o desenvolvimento de uma nova plataforma de emissões zero que permitirá incorporar um modelo Renault adicional em 2027.
Benefícios para a indústria
As empresas indicaram que a cooperação gerará benefícios em várias frentes: aumento da competitividade industrial da fábrica brasileira por meio da introdução de novas tecnologias e volumes de produção; criação de sinergias na cadeia de suprimentos local; aceleração da oferta de veículos elétricos para clientes brasileiros e redução da dependência de importações.
O uso conjunto de plataformas tecnológicas e a localização gradual de modelos também visa facilitar a transferência de conhecimento e promover empregos ligados à cadeia automotiva na região.
A aliança surge em um contexto de forte concorrência pela eletrificação na América Latina, onde fabricantes internacionais e novos atores, particularmente de origem chinesa, intensificaram sua presença.
Para a Renault, a cooperação com a Geely representa uma forma de renovar sua oferta e ganhar rapidez na incorporação de veículos de baixas emissões; para a Geely, o Brasil se torna um hub estratégico para entrar com produção local em um dos mercados automotivos mais relevantes da região.
Analistas do setor destacaram que as colaborações entre fabricantes tradicionais e grupos chineses podem ser determinantes para acelerar a transição para NEV em mercados emergentes.
Compromissos regulatórios
De acordo com os comunicados oficiais, a Renault permanecerá como acionista majoritária da Renault do Brasil e continuará consolidando a entidade em suas demonstrações financeiras, enquanto a Geely atua como sócia minoritária com direitos operacionais para aproveitar a infraestrutura e a rede comercial.
As empresas informaram que continuarão avançando na localização de produtos, na concretização do investimento anunciado e nas aprovações regulatórias necessárias para a implementação total do plano industrial.
Nos próximos meses, espera-se que ambos os grupos publiquem detalhes operacionais sobre calendários de produção, números de emprego relacionados ao investimento e especificações dos modelos que serão fabricados.
“A parceria que anunciamos com a Geely no Brasil representa um avanço decisivo em nossa estratégia internacional. Ela estabelece uma colaboração ágil baseada na excelência industrial e na liderança tecnológica. Mais uma vez, unir forças nos tornará mais competitivos, inovadores e com maior capacidade de resposta em um mercado automotivo em rápida mudança”, disse François Provost, CEO do Grupo Renault.
Por sua vez, Eric Li, presidente do Geely Holding Group, disse: “Nossa cooperação com a Renault na exploração de novos mercados e oportunidades criará um cenário vantajoso para ambas as partes, onde tanto a Renault quanto a Geely poderão aproveitar os efeitos de escala tecnológica em nível mundial para oferecer os melhores produtos do mercado”.
A formalização da participação da Geely na Renault do Brasil e o consequente plano de investimentos e produção no Complexo Ayrton Senna constituem um passo relevante na reconfiguração da indústria automotiva brasileira e na expansão da oferta de NEVs na América Latina.
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