A cidade de São Paulo se tornou o epicentro da mobilidade e da sustentabilidade ao abrir suas portas para o “Latam Mobility & Net Zero: Brazil 2024“, que reuniu os mais destacados líderes dos setores público e privado para analisar a situação atual e as perspectivas do país e da região.
O encontro contou com o painel “A mobilidade sustentável como aliada da descarbonização no Brasil,” que teve a participação de Márcio Severine, Fundador e Diretor da Market Movee; Tatiana Mattos, Country Manager Brasil da BlaBlaCar; Raphael Cyjon, Vice-presidente de Estratégia e Transformação de Transportes e Frotas da PepsiCo Global; Ariane Buzanello, Gerente de Produto de Mobilidade da Edenred, e Thiago Vieira, Gerente de Relações Públicas Latam da C40 Cities, sob a moderação de Janayna Bhering, Coordenadora Executiva da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME).
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Multimobilidade e intermobilidade
Tatiana Mattos, Country Manager Brasil da BlaBlaCar, explicou que a empresa se propôs o desafio de construir corredores de multimodalidade para contribuir com cidades mais sustentáveis. “Atualmente, temos mais de 35.000 rotas em nossa plataforma, incluindo eixos que não são cobertos pelo transporte público, por isso oferecemos uma solução para viagens porta a porta.”
Mattos explicou que a BlaBlaCar tem mais ofertas de serviços, como o Boost, que não só compartilha caronas do mesmo ponto de partida até o ponto de chegada, mas por meio de um algoritmo pega os clientes ao longo da rota e de forma otimizada. Além disso, eles têm um processo ‘Outdoor’, no qual “a multimodalidade se torna intermobilidade, combinando carona com ônibus e trens”.
“Esse é um grande desafio para nós no Brasil. Temos a digitalização para podermos antecipar o comportamento do consumidor. O objetivo é simples: preencher os assentos, fazer viagens porta a porta de várias maneiras e garantir que, no final do dia, emitamos menos CO2. Há muita tecnologia em nossos serviços para fazer a equação funcionar.”
Em busca de soluções
Raphael Cyjon, representante da PepsiCo Global, explicou que a empresa tem o compromisso de reduzir as emissões em 75% até 2040, não apenas no transporte, mas em toda a cadeia de valor dentro das fábricas da transnacional. “Não podemos ficar parados, devemos encontrar soluções compartilhando soluções para avançar e alcançar os objetivos de descarbonização que estabelecemos”.
“Na PepsiCo, estamos constantemente buscando soluções, e um exemplo disso é a renovação da nossa frota e a telemetria que está sendo instalada em nossos caminhões, que está impulsionando as metas e até mesmo oferecendo qualidade de vida aos nossos motoristas. Trata-se de investir tendo em mente os planos da empresa para sua própria sustentabilidade“, acrescentou Cyjon.
“Temos que sair e procurar alternativas como sociedade e sair do status quo. Temos que avançar para uma frota de veículos com mais veículos movidos a combustíveis limpos, sejam eles elétricos ou híbridos, levando em conta o etanol, que proporciona uma redução significativa de poluentes e, além disso, no Brasil temos o privilégio de que o biocombustível não afeta os alimentos. Temos que continuar sendo criativos e continuar buscando soluções“, enfatizou o representante da PepsiCo.
Abordagem integrada
Márcio Severine, Fundador e Diretor da Market Movee, uma empresa de consultoria em mobilidade elétrica, disse que a empresa desenvolve soluções de descarbonização de frotas e infraestrutura de recarga em nível de gerenciamento de projetos e operacional. “O que estamos fazendo agora é expandir nosso escopo. Além de consultoria, vendemos equipamentos elétricos, infraestrutura de carregamento, sistemas de bateria e automação industrial.”
“Vimos o pontapé inicial para a eletrificação e, a partir do início do próximo ano, o volume de veículos eletrificados deve crescer, juntamente com o tamanho dos projetos de infraestrutura, bem como os volumes financeiros, tanto em termos de frotas quanto de condomínios, sem esquecer o transporte público. Em todos os anos em que venho trabalhando com mobilidade elétrica, identifiquei a necessidade no mercado de empresas de engenharia que conheçam eletrificação, veículos e ofereçam soluções de descarbonização para as empresas“, disse Severine.
“O mercado vai exigir mais profissionalismo nas instalações e nos projetos, que é o que o cliente precisa. Atualmente, o interesse é mostrar os benefícios econômicos para que as frotas adotem a eletrificação, por isso são necessárias soluções. Na Market Movee, oferecemos uma abordagem integrada tanto para o carregador de veículos quanto para o sistema de gerenciamento, instalação e manutenção dos carregadores, para dar continuidade ao cliente durante todo o processo”, disse Márcio Severine.
Ferramentas para descarbonizar
Ariane Buzanello, Gerente de Podutos de Mobilidade da Edenred, indicou durante o “Latam Mobility: Brazil 2024“, que a empresa tem o compromisso de ser net zero até 2050, e está em constante busca de transferir o impacto positivo para o exterior. “Estamos constantemente procurando maneiras de nos aproximar cada vez mais de nossos clientes e oferecer a eles mais ferramentas para descarbonizar suas emissões de mobilidade.”
“Medir significa mostrar o impacto das emissões de mobilidade nos clientes. E é aí que entra a primeira etapa da jornada: procurar modos alternativos de transporte, por isso lançamos um cartão em que gerenciamos a mobilidade urbana no Brasil, incentivando as pessoas a viajar não apenas de carro, mas também por outros modos alternativos. Além disso, na Edenred, realizamos várias análises de clientes mostrando o impacto financeiro e operacional da migração para o etanol, e a diferença é grande. Em termos de emissões, o etanol é 99% mais limpo do que a gasolina“, disse Buzanello.
Por outro lado, o representante da Edenred destacou que eles estão avançando com novos formatos. “Temos trabalhado na Estratégia de Eletricidade, permitindo o pagamento de recarga elétrica em algumas soluções, e em uma gestão de frota mais holística, em que a empresa realiza a manutenção preventiva do carro, já que o comportamento ao dirigir está relacionado ao consumo de combustível e às emissões de carbono. Estamos nos aproximando de nossos clientes para conscientizá-los de que a mudança no Brasil depende de cada um de nós“.
Apoio e financiamento
Thiago Vieira, Gerente de Relações Públicas Latam da C40 Cities, disse que eles estão trabalhando com empresas no caminho da descarbonização. “Sabemos que a transição para a eletricidade tem um custo adicional e que os ativos são mais caros, por isso ajudamos a diminuir essa diferença no investimento, de duas maneiras.”
“A primeira maneira é por meio de nossos bancos multilaterais, que são parceiros da C40. Ajudamos as empresas a estruturar projetos com base em mecanismos de adicionalidade e, a partir daí, as apoiamos na obtenção de fundos mais competitivos do que as taxas de mercado. Temos relações estreitas com o IDB Invest, o KfW e outras organizações, com as quais conseguimos estabelecer vários projetos”.
“A segunda forma, mais importante e desafiadora, é que na C40 não achamos justo que as empresas sejam responsáveis por todo o investimento, e estamos em um processo com as cidades que fazem parte da rede para discutir os benefícios que podem ser concedidos às empresas. No Rio de Janeiro, temos um projeto para criar o primeiro distrito de transporte de carga com baixa emissão de poluentes. Quanto mais você compartilha, mais você pode diluir o custo do investimento que precisa ser feito”, disse Vieira.
“Os dois caminhos que oferecemos são o financiamento e o apoio. As cidades não podem fazer isso sozinhas, por isso estamos abertos às ideias que as empresas nos oferecem. Na organização, somos a ponte entre o setor público, como as cidades, que fornecem os espaços e as políticas orientadas, e o setor privado, que fornece a estrutura e o investimento”, concluiu o representante da C40 Cities.