Brasil: veículos elétricos plug-in dominam mais de 80% do mercado e consolidam uma nova fase da mobilidade

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O mercado de veículos elétricos leves no Brasil está passando por uma transformação sem precedentes.

De acordo com dados da ABVE Data, os veículos elétricos plug-in, ou totalmente elétricos (BEV) e híbridos plug-in (PHEV), representam 81,6% das vendas de veículos elétricos leves entre janeiro e outubro de 2025.

Essa porcentagem representa um salto de 10,6 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior, o que evidencia uma migração acelerada para tecnologias de recarga externa.

Nesses 10 meses, foram comercializadas 168.798 unidades de veículos elétricos, das quais 138.088 correspondem a veículos que podem ser recarregados externamente.

Para muitos analistas, esses números refletem a crescente maturidade do ecossistema da eletromobilidade no Brasil e sua consolidação como uma alternativa real de mobilidade sustentável.

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Cresce a infraestrutura de recarga

Um pilar fundamental que sustenta essa transição é o notável crescimento da rede de recarga pública e semipública no país.

Dados coletados pela Tupi Movilidad em colaboração com a ABVE revelam que, em agosto de 2025, o Brasil contava com 16.880 pontos de recarga, o que representa um aumento de 14% em relação à pesquisa realizada em fevereiro do mesmo ano, quando foram relatadas 14.827 estações.

Dentro dessa rede, os carregadores rápidos em corrente contínua (CC) apresentaram um crescimento significativo: de 2.430 unidades em fevereiro para 3.855 em agosto, o que representa um aumento de 59% em apenas seis meses.

Por sua vez, os carregadores lentos (CA) também cresceram, embora de forma mais moderada, passando de 12.397 para 13.025 no mesmo período.

Além disso, a expansão territorial é clara: 1.499 municípios já contam com pelo menos um ponto de recarga público ou semipúblico, o que representa um aumento de 10% em relação a fevereiro de 2025.

Essa implantação não apenas melhora a cobertura, mas também reforça a confiança do consumidor: com mais estações disponíveis, os veículos plug-in tornam-se mais práticos para viagens urbanas, intermunicipais e até interestaduais.

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Inovação tecnológica e variedade de modelos

O fortalecimento do mercado de veículos plug-in também é impulsionado por avanços tecnológicos e uma oferta cada vez mais diversificada.

As baterias melhoraram sua capacidade e eficiência, a autonomia real dos BEV aumentou e os sistemas de conectividade e gestão de energia estão cada vez mais integrados aos veículos.

Este conjunto de melhorias permite que os carros elétricos não sejam apenas uma alternativa ecológica, mas também competitiva em termos de usabilidade.

Além disso, a gama de modelos disponíveis foi consideravelmente ampliada, incluindo opções importadas e nacionais, com diferentes perfis de preço e desempenho. Esse dinamismo facilitou o acesso de um número crescente de consumidores à eletrificação.

Apesar do forte aumento dos veículos plug-in, os veículos elétricos como um grupo, incluindo micro-híbridos, híbridos tradicionais, PHEV e BEV, mantêm uma participação estável no mercado total de veículos leves, rondando aproximadamente 8% das vendas.

Mais um mês de recordes

O mês de outubro reafirmou o impulso da eletromobilidade. Foram matriculados 21.369 veículos elétricos, praticamente o mesmo volume que em setembro (20.342), e um crescimento de 33% em relação a outubro de 2024, quando foram registradas 16.033 unidades.

A quota de mercado dos veículos elétricos em relação aos veículos ligeiros atingiu 8,6%, em comparação com 6,4% no mesmo mês do ano anterior.

Desse total, 81,7% (17.444 unidades) eram plug-in. Entre estes, os PHEV destacaram-se com 9.458 unidades, o que representa um crescimento de 58,7% em relação a outubro de 2024, e os BEV atingiram 7.986 unidades, com um aumento de 30,7% no mesmo período.

Por outro lado, os híbridos não plug-in (HEV e HEV Flex) representaram 18,3% do total, com 3.925 unidades, enquanto os micro-híbridos (MHEV) também apresentaram um crescimento recente, com 6.381 unidades, o que representa uma melhora de 10,4% em relação ao mês anterior.

Transporte público: também se eletrifica

A revolução elétrica não se limita aos veículos leves particulares: o transporte público no Brasil também acelera sua transição energética.

Em outubro de 2025, foram registrados 87 novos ônibus elétricos matriculados, o que implica um aumento de 107% em relação a setembro e um salto de 67% em comparação com outubro de 2024.

No acumulado de janeiro a outubro, já foram registrados 636 ônibus elétricos, o que representa um crescimento anual de 145% em relação a 2024.

Este dado demonstra que as frotas de transporte público também estão adotando de forma mais intensiva a tecnologia elétrica.

Embora alguns dados difiram de acordo com as fontes, um relatório da ABVE indica que, até abril de 2025, já havia 642 ônibus elétricos registrados desde 2022, com 81% deles operando em São Paulo.

Distribuição do crescimento

O mapa da eletromobilidade no Brasil mostra uma distribuição que reflete tanto concentração quanto dispersão.

A região Sudeste continua sendo a líder absoluta em vendas de veículos eletrificados, com 45% do total, impulsionada pela forte presença de São Paulo e do Distrito Federal.

Seguem-se o Sul (18,6%) e o Nordeste (16%), que mantém um ritmo de crescimento significativo e já é a terceira região mais relevante em volume.

O Centro-Oeste contribui com 15,9% e o Norte com 4,5%, consolidando um panorama nacional onde a presença de veículos elétricos já se distribui de forma mais equilibrada entre as diferentes regiões do país.

Por estados, São Paulo ocupa o primeiro lugar com 29,8% das vendas, seguido pelo Distrito Federal (10,5%) e Paraná (6,8%). Entre as cidades, as mais destacadas são São Paulo (11,6%), Brasília (10,5%) e Belo Horizonte (3,7%).

Essa dispersão regional é animadora: não apenas as áreas tradicionalmente mais desenvolvidas estão adotando a eletromobilidade, mas também regiões emergentes do Brasil estão aderindo à mudança.

Descarbonização e futuro do mercado

Os números atuais indicam que o Brasil não está apenas passando por uma fase de transição, mas entrou em uma nova fase estrutural de sua mobilidade.

O domínio dos veículos plug-in no segmento eletrificado sugere que os consumidores e a indústria adotaram uma visão de longo prazo: não se trata apenas de eletrificar os carros, mas de construir um ecossistema robusto, com infraestrutura, inovação, escala e confiança.

A ampliação da rede de recarga, a queda progressiva dos custos dos equipamentos e a maior autonomia dos veículos contribuem para esse cenário.

Ao mesmo tempo, o apoio de políticas públicas, o planejamento de frotas públicas (como ônibus) e a diversificação de fabricantes reforçam a cadeia produtiva.

O crescimento dos veículos plug-in não é apenas uma tendência passageira: é um sinal de que a transição energética sobre rodas se consolida no Brasil, e a eletromobilidade deixa de ser uma exceção ou uma promessa e se torna uma realidade competitiva, massiva e estratégica para o país.

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