O painel “Cadeia de suprimentos e gestão de frotas: como potencializar o transporte eficiente no Cone Sul?” encerrou com chave de ouro as atividades do primeiro dia do “Latam Mobility Cone Sul 2025”.
O debate, moderado por Carolina Vladilo, vice-presidente da Comissão de Transporte do Colégio de Engenheiros do Chile, reuniu líderes da EVolution Mobility, Unilever, DHL Supply Chain e Uber for Business para analisar a disrupção tecnológica e os desafios da adoção em larga escala de soluções como telemática, eletrificação e big data.
A eletromobilidade como realidade econômica e operacional
O consenso entre os especialistas foi claro: a mobilidade sustentável deixou de ser uma tendência ou uma declaração de princípios para se tornar uma realidade operacional e economicamente viável.
Ramón Valdés, Country Manager da EVolution Mobility, destacou que a transição já oferece vantagens econômicas tangíveis em circuitos fechados e com certa quilometragem diária.
“Não vemos grandes diferenças entre uma frota grande e uma pequena. A vantagem econômica pode ser obtida a partir de um veículo até cem”, afirmou Valdés, embora reconhecendo que os grandes atores têm vantagens de escala, especialmente na instalação de infraestrutura de recarga.
Iluska Lopes, Head of Supply Chain da Unilever Chile, deu um exemplo concreto: a operação da maior frota elétrica de uma empresa de consumo massivo no país, com 30 viagens diárias de caminhões de 35 toneladas.
“Este foi um trabalho supertransversal com todas as áreas, com todos os clientes, com as fábricas. Hoje temos uma frota primária totalmente elétrica, que é um orgulho”, disse Lopes, demonstrando que os projetos já estão em andamento e são bem-sucedidos.
Transferindo conhecimento para as PMEs
Um dos temas centrais foi como evitar que as pequenas e médias empresas fiquem para trás nessa transformação. Os participantes do painel concordaram que a colaboração e o acesso a plataformas tecnológicas são fundamentais.
Manuel Gamboa, da Uber for Business, destacou a agilidade das PMEs e o valor que ferramentas digitais como as suas agregam ao oferecer rastreabilidade completa e recursos de gestão com implementação quase imediata. “Isso permite que elas tenham uma gama de possibilidades a partir de um aplicativo no celular, praticamente com custo zero de implementação”, explicou.
Da perspectiva de um operador logístico global, Alexis Barría, da DHL Supply Chain, explicou como padronizam processos e incluem seus fornecedores menores em seus ecossistemas digitais.
“Nossa Control Tower desempenha um papel fundamental: equipara para todos os nossos fornecedores um padrão que o transportador sozinho não poderia alcançar”, afirmou, destacando plataformas como My Supply Chain, que permitem aos clientes ver em tempo real a localização de suas mercadorias.
Por sua vez, Iluska Lopes propôs modelos de colaboração entre empresas não concorrentes com rotas semelhantes para otimizar a carga dos caminhões. “Isso se aplica a empresas menores, como fazer colaboração com outras empresas para encher um caminhão maior e poder fazer essa rota de forma mais eficiente”.
Liderança transversal e a necessidade dos dados
Diante da pergunta sobre qual área dentro de uma empresa deve liderar essa transformação (Sustentabilidade, Cadeia de Suprimentos, Compras, Operações), a resposta foi unânime: deve ser um esforço transversal.
Manuel Gamboa apontou que o impulso pode vir da área que tem a “dor” mais aguda, seja finanças buscando economias, operações precisando de eficiência ou sustentabilidade cumprindo metas.
Alexis Barría foi enfático: “Para nós, é uma liderança transversal, é um trabalho em equipe e conjunto”, enquanto Ramón Valdés corroborou essa visão, acrescentando que sua empresa recebe consultas de diferentes áreas, dependendo do cliente.
A conversa derivou naturalmente para a importância crucial dos dados para a tomada de decisões.
Iluska Lopes detalhou como a Unilever centraliza as informações em um hub de controle logístico com sistemas de otimização de rotas (TMS) e gestão de armazéns (WMS) para tomar decisões rápidas e baseadas em tendências. “Hoje, os dados estão lá para nos ajudar. Podemos ter previsões, ver algum atraso antes que ele ocorra”.
Alexis Barría enfatizou que “os dados matam a narrativa”, mas alertou que os dados por si só não servem se não forem padronizados e trabalhados corretamente. “É preciso saber trabalhar com esses dados… muitos indicadores são medidos de forma diferente e é preciso chegar a um consenso”.
Ramón Valdés acrescentou que a telemetria de seus veículos elétricos (velocidade, frenagem, aceleração, carga) é uma mina de ouro de informações para otimizar a vida útil das baterias e a operação, e que sua empresa se encarrega de transferir as melhores práticas aprendidas com seus maiores clientes para os menores.
A logística como motor de negócios e inovação
A reflexão final elevou o papel da logística de um centro de custos para um motor estratégico de inovação, sustentabilidade e novo valor.
Ramón Valdés indicou que as áreas de frota e cadeia de suprimentos terão a “oportunidade quase única de gerar grandes mudanças nas empresas”, impactando a segurança, a pegada de carbono e o conforto operacional.
Iluska Lopes levou o conceito ainda mais longe, afirmando que “a área de logística é o motor dos novos negócios” e deu o exemplo dos produtos concentrados da Unilever, uma iniciativa liderada pela cadeia de suprimentos que permite transportar sete vezes mais unidades com a mesma pegada de carbono.
Por sua vez, Alexis Barría lembrou como a pandemia tirou a logística de ser uma “caixa preta” para posicioná-la como uma área fundamental e altamente demandada, que agora deve responder a padrões globais.
E Manuel Gamboa encerrou com um convite para mudar de paradigma, explorando soluções digitais que não apenas otimizam custos, mas permitem, por exemplo, traçar e reduzir a pegada de carbono de cada viagem corporativa.
No final, os palestrantes concordaram que o transporte é indispensável para cumprir qualquer compromisso de emissões zero.
O desafio não é mais técnico, mas de adoção, colaboração e liderança transversal, onde grandes empresas, PMEs, empresas de tecnologia e operadores logísticos devem formar ecossistemas para acelerar uma transformação que é, sem dúvida, imparável.
O “Latam Mobility México 2025” está chegando
O “Latam Mobility México 2025” será o cenário perfeito para conhecer em primeira mão os avanços, alianças e tendências que estão moldando o futuro do setor.
Fabricantes, autoridades, especialistas e empresas de tecnologia se reunirão para trocar experiências e acelerar a transição para uma mobilidade mais sustentável na América Latina, uma oportunidade única para o México mostrar ao mundo seu papel de protagonista na revolução automotiva.
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