No âmbito do “Latam Mobility Cono Sur 2025”, foi realizada a conversa em destaque “Descarbonização do transporte pesado no Cone Sul: soluções para um setor mais limpo e eficiente”.
O painel, que contou com a participação de líderes dos setores público e privado, analisou em profundidade os enormes desafios ambientais que a indústria enfrenta e traçou o roteiro necessário, que inclui biocombustíveis, eletrificação, hidrogênio verde e uma forte colaboração intersetorial.
A discussão começou com um necessário contexto fornecido por Cristian Navas, especialista sênior em transportes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e moderador do evento.
Navas lembrou que o setor de transporte é responsável por aproximadamente 25% das emissões globais de GEE. Embora a América Latina e o Caribe contribuam com 2% desse total, a pegada do transporte na região é desproporcionalmente alta, representando 40% de suas emissões, com um crescimento de 110% nos últimos 20 anos.
“No Chile, o setor contribui com 32%, sendo que 92% dessas emissões são do transporte terrestre e o transporte pesado representa aproximadamente metade desse percentual. Estamos falando que o setor de carga desempenha um papel muito relevante em nossas emissões e é um setor complexo”, afirmou Navas, ressaltando a importância crítica de sua descarbonização.
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A visão do setor público
Antonio Dourthé, coordenador geral do Programa de Desenvolvimento Logístico do Ministério dos Transportes do Chile, destacou que existe uma “visão de estado” e uma colaboração ativa entre os ministérios.
Além dos incentivos econômicos, Dourthé enfatizou o trabalho em esforços normativos, planos territoriais em regiões como Antofagasta e Magallanes e a atualização crucial da educação técnica para preparar os futuros profissionais.
Em relação aos incentivos, ele foi cauteloso: “Existe incentivo por parte da CORFO para os planos-piloto, mas não existe um incentivo de longo prazo. É preciso ter cuidado, em outros países foram feitos incentivos e de repente não tinham recursos suficientes”.
Em vez disso, ele propôs uma combinação de apoios específicos e “desincentivos ao uso de combustíveis fósseis”, como impostos mais altos, juntamente com o estabelecimento de prazos claros e ambiciosos para a venda de veículos com emissão zero.
O desafio da indústria
Pedro Peña, gerente de Eletromobilidade da Sotraser, levou a conversa para o campo prático e concordou com a necessidade de regulamentações mais facilitadoras, apontando um obstáculo fundamental: a lei do peso por eixo.
“Os caminhões elétricos ou a hidrogênio têm uma tara superior, o que afeta a produtividade do transporte”, explicou. Ele defendeu exceções temporárias, semelhantes às aplicadas na Europa, para permitir pilotos e validar o impacto real na infraestrutura viária, que, segundo ele, “melhorou muito” desde que a lei foi promulgada em 1980.
Peña também destacou a necessidade crítica de uma rede pública de recarga projetada para veículos pesados. “Não vamos instalar 64.000 carregadores no Chile, é muito importante desenvolver uma infraestrutura de recarga colaborativa e aberta”, afirmou, propondo a Rota 5 como a espinha dorsal para uma rede de estações a cada 200 a 300 km.
Por sua vez, Constanza Romero, diretora do Projeto Tracto Camión H2 da Hidrohaul, aprofundou a lógica econômica e explicou que os altos custos de investimento e o risco tecnológico em um setor de rentabilidade ajustada tornam os incentivos indispensáveis.
“Para dar esse passo, todos esses incentivos são necessários”, afirmou, citando o subsídio direto da CORFO ao seu projeto como um exemplo de sucesso que tornou isso possível.
No entanto, ela ressaltou que esses apoios devem ter como objetivo eliminar as lacunas econômicas iniciais para projetos que demonstrem sustentabilidade: “o projeto a longo prazo deve ser sustentável por si só”. Para alcançar a competitividade, ele sugeriu incorporar um “preço social do carbono” que nivele o campo de jogo em relação aos combustíveis fósseis.
Planos-piloto: a ponte entre a teoria e a escala
Os participantes do painel concordaram unanimemente que os projetos-piloto são a fase essencial e inegociável para a transição.
Romero detalhou o processo da Hidrohaul: “Eles nos permitem fazer uma validação técnica e, ao mesmo tempo, nos dão certeza econômica para poder escalar”. Seu projeto envolve uma análise intensiva de dados de desempenho e autonomia em rotas reais para o Walmart, o que permitirá gerar modelos de negócios escaláveis.
Pedro Peña compartilhou a experiência da Sotraser: “Não podemos ficar apenas com a ficha técnica; devemos tomar a iniciativa, assumir riscos, trazer equipamentos, testá-los”.
Ele relatou como os pilotos no varejo e, crucialmente, na mineração durante um ano, permitiram coletar dados de confiabilidade, potência e comportamento em altitude, o que resultou na operação atual de frotas elétricas nas minas de Calama.
Por sua vez, Antonio Dourthé confirmou a total disposição do Ministério dos Transportes em apoiar pilotos e inovação, mesmo para tecnologias de transição, como sistemas híbridos diesel-hidrogênio ou combustíveis sintéticos.
“Nossa disposição é total; estamos dispostos a ouvir e apoiar qualquer iniciativa que vá nessa direção”, afirmou, mencionando a criação de regulamentações provisórias para viabilizar esses testes.
Como reflexão final, os especialistas fizeram um apelo à ação:
- Constanza Romero destacou: “A única maneira é gerar alianças entre todos os interessados” e fez um apelo para que se juntassem a esses projetos colaborativos para acelerar a descarbonização.
- Pedro Peña agradeceu a oportunidade e ressaltou o potencial do Chile: “Somos uma grande potência para desenvolver esse tipo de projeto piloto. Temos uma geografia que nenhum outro país tem”, e instou mais empresas a se unirem para alcançar economias de escala.
- Antonio Dourthé encerrou com uma mensagem clara: “É importante entender a descarbonização não como um luxo ambiental, mas como uma grande possibilidade de desenvolvimento de inovação e criatividade”. Ele afirmou que o Chile tem o potencial e as capacidades, e que o Ministério está pronto para apoiar em tudo o que for necessário.
A conversa deixou claro que o caminho para um transporte pesado limpo no Cone Sul é complexo, mas possível. A receita pode ser uma combinação de vontade política, regulamentação inteligente, incentivos bem direcionados, pilotos rigorosos e, acima de tudo, uma colaboração sem precedentes entre os setores público, privado e acadêmico.
A “Latam Mobility México 2025” está chegando
O “Latam Mobility México 2025” será o cenário perfeito para conhecer em primeira mão os avanços, alianças e tendências que estão moldando o futuro do setor.
Fabricantes, autoridades, especialistas e empresas de tecnologia se reunirão para trocar experiências e acelerar a transição para uma mobilidade mais sustentável na América Latina, uma oportunidade única para o México mostrar ao mundo seu papel de protagonista na revolução automotiva.
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