Do cobre e do lítio à digitalização: setores estratégicos alinham suas agendas para a mineração do futuro

Latam Mobility Cono Sur 2025

A transição para a eletromobilidade não é apenas uma meta para o transporte, mas um motor de transformação para uma das indústrias-chave da região: a mineração.

Este foi o tema central do painel “O futuro da mineração no Cone Sul: Desenvolvimento do setor em eletromobilidade”, que reuniu especialistas dos setores de mineração, energia e tecnologia para analisar os caminhos para uma mineração descarbonizada, inovadora e sustentável.

O espaço de conversa no “Latam Mobility Cone Sul 2025” foi moderado por Andrea Armijo, diretora técnica do Projeto H2 Verde da CVE Chile, e contou com a participação de Ruth Rain, especialista em Energia e Mineração da CORFO; Francisco Medina, líder em Eletromobilidade da Câmara Internacional de Lítio (CIL LITHIUM); María José Ruiz-Esquide, diretora de Mudanças Climáticas e Descarbonização da CODELCO; e Nicolás Arriagada Urzúa, especialista em Descarbonização da AngloAmerican.

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A mineração como facilitadora estratégica

Andrea Armijo, engenheira civil com mais de 20 anos de experiência em energias renováveis e mineração, iniciou o painel destacando o papel fundamental da indústria.

“Sabemos que a mineração desempenha um papel estratégico na transição energética, especialmente a produção de cobre, lítio e outros minerais críticos que tornam possível a eletromobilidade”, afirmou.

“A eletromobilidade não é apenas um desafio técnico, mas uma oportunidade única para reimaginar nossa indústria, integrando sustentabilidade, inovação e uma visão compartilhada que posicionará o Chile e o Cone Sul como protagonistas da transição energética global”, afirmou Armijo.

Suas palavras estabeleceram as bases para uma discussão profunda que abordou os desafios, oportunidades, investimentos e tecnologias necessárias para essa evolução.

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Inovação e adaptação

Do ponto de vista da corporação estatal, María José Ruiz-Esquide, da CODELCO, destacou como a operação em grande escala e em condições extremas (altitude, frio e calor) serviu como um catalisador único para o desenvolvimento de tecnologias robustas e eficientes.

A executiva enfatizou o compromisso da empresa com a mineração sustentável e o desenvolvimento dos territórios onde opera. “A grande escala da mineração tradicional nos permitiu desenvolver infraestrutura elétrica e energética em nível massivo. Todo o equipamento deve funcionar em condições climáticas extremas, o que gera um grande desafio para a inovação e a eficiência operacional”.

A CODELCO possui a maior frota de ônibus elétricos da mineração nacional, com 250 unidades em operação na Divisão Salvador, onde 100% do transporte de pessoal já é elétrico. Da mesma forma, na mineração subterrânea, a empresa avança com equipamentos de ponta, como LHDs elétricos a bateria e semiautônomos, misturadores elétricos e caminhonetes que operam a mais de 2.000 metros de altura.

“Esses avanços têm um impacto concreto: reduzem as emissões, diminuem os custos de manutenção e permitem operações mais silenciosas, limpas e seguras”, afirmou.

Descarbonização como imperativo

Nicolás Arriagada, da AngloAmerican, complementou a visão, lembrando que o objetivo final da eletromobilidade é a descarbonização. “Nossa meta é sermos neutros em carbono até 2040, a mais ambiciosa da indústria de mineração. A eletromobilidade é um dos caminhos mais desenvolvidos para alcançá-la”, afirmou.

A AngloAmerican foi pioneira na operação de ônibus elétricos na mineração, com 17 unidades adquiridas em 2019, o que implicou projetar e aprender sobre infraestrutura de carga em altura, operando o “electroterminal a gran altura geográfica mais alto del mundo” (terminal elétrico a maior altitude geográfica do mundo).

Arriagada destacou externalidades positivas como a redução do ruído, maior eficiência energética e um desempenho das baterias “melhor do que o esperado” em condições extremas.

“O desafio é entender que não é uma solução para todos os casos atualmente. Devemos implementá-la onde a avaliação técnica e econômica demonstrar que gera valor”, enfatizou. A empresa também explora outras vias, como o hidrogênio, participando do desenvolvimento do primeiro ônibus a hidrogênio construído no Chile.

CORFO: criando o ecossistema para a inovação

Ruth Rain, da CORFO, destacou o papel fundamental da instituição em alavancar e mitigar os riscos dessa transição. “Trabalhamos para criar condições propícias: capital humano, instituições e centros de pilotagem que favoreçam a inovação”, explicou.

Rain enfatizou o “círculo virtuoso” em que se encontra a indústria: a crescente demanda global por minerais críticos impulsiona uma produção mineradora que deve ser sustentável e econômica, o que, por sua vez, requer uma eletrificação em massa que depende desses mesmos minerais.

“Vinculemos dois setores críticos para o país: mineração e energia. A eletromobilidade exigirá um fornecimento constante e sofisticado de eletricidade, o que impulsionará ainda mais o desenvolvimento de projetos de geração renovável e armazenamento”, projetou.

Lítio: muito mais do que eletromobilidade

Francisco Medina, da Câmara Internacional do Lítio, ampliou a perspectiva, argumentando que o protagonismo do lítio está longe de ter terminado.

“O lítio não é apenas eletromobilidade; é eficiência energética e eletrificação. Ele permitiu armazenar energia e mover veículos, e hoje é fundamental para a autoeconomia energética e o armazenamento estacionário”, afirmou.

Medina destacou os avanços nos métodos de produção, como a Extração Direta de Lítio (EDL), que reduz significativamente o impacto ambiental. Além disso, ele ressaltou a necessidade de adaptar a formação acadêmica e técnica para atender às novas necessidades de manutenção, segurança e protocolos exigidos por essas tecnologias.

“Um veículo elétrico é uma bateria com rodas. Conceitos como ‘Vehicle to Grid’ (V2G), em que o carro devolve energia à rede, já são uma realidade em desenvolvimento”, afirmou.

Colaboração e investimento, as palavras-chave do futuro

Ao encerrar o painel, os especialistas concordaram que a colaboração é o pilar fundamental para o sucesso.

María José Ruiz-Esquide ressaltou que os avanços na descarbonização só foram possíveis graças ao trabalho conjunto entre empresas de mineração.

Por sua vez, Nicolás Arriagada fez um apelo para que se compreendam as “dores” operacionais específicas para que a inovação chegue de forma eficaz, enquanto Ruth Rain exortou as empresas a serem “visionárias” e a correrem riscos em conjunto com sua cadeia de suprimentos.

As mensagens finais foram resumidas em conceitos-chave:

  • Francisco Medina: “Inovação, Colaboração e Investimento”.
  • Nicolás Arriagada: “A colaboração é fundamental. O desafio é tão grande que sozinhos não vamos conseguir”.
  • Ruth Rain: “Somos um país minerador com as capacidades humanas para ser um exemplo de descarbonização”.
  • María José Ruiz-Esquide: “O Chile tem a capacidade de impulsionar a tração e ser um exemplo de inovação na mineração que transcenda os negócios e seja uma contribuição para o país”.

A conclusão foi unânime: o Chile e o Cone Sul têm a oportunidade histórica de converter sua tradição mineradora na liderança de uma nova era industrial, com baixas emissões e alta tecnologia, colaboração e valor compartilhado.

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