No âmbito do “Latam Mobility Cono Sur 2025”, Laura Viegas, diretora regional de Comunicação e Sustentabilidade da Inchcape Américas, apresentou os resultados do estudo “Motores da mudança: transição para uma mobilidade sustentável na América Latina e Ásia-Pacífico”.
A pesquisa, realizada em colaboração com a consultoria Ipsos, teve como objetivo central compreender a predisposição e os sentimentos dos consumidores em relação aos veículos de novas energias (NEV) e comparar a realidade entre as duas regiões.
Inchcape: empresa global com visão local
Viegas iniciou sua apresentação contextualizando a relevância da Inchcape no ecossistema automotivo. A empresa, de origem britânica e com operações em 38 países, representa mais de 60 fabricantes de automóveis, motocicletas, caminhonetes, caminhões e máquinas.
Na América Latina, sua presença abrange 14 países, com uma equipe de 6.500 pessoas e a representação de mais de 40 marcas.
“No Chile, um em cada quatro carros vendidos é comercializado pela Inchcape. E no segmento de novas energias, quase metade dos carros novos vendidos são distribuídos por nós”, destacou a executiva, ressaltando a posição da empresa para impulsionar a mudança.
Com o objetivo de “proporcionar mobilidade às comunidades do mundo hoje, amanhã e para melhor”, o estudo se enquadra no “Centro para a Mobilidade do Futuro” da Inchcape, uma plataforma interna que funciona como um think tank para investigar as tendências que moldarão o futuro da mobilidade e inspirar outros atores.
O valor social insubstituível do carro próprio
A primeira grande descoberta do estudo desafia algumas narrativas contemporâneas: o automóvel pessoal mantém um valor social único e insubstituível na vida das pessoas.
A pesquisa revelou que, em todos os países latino-americanos pesquisados, mais de 50% das pessoas mencionam o carro próprio como seu meio de transporte mais usado, uma tendência que se acentuou após a pandemia, em detrimento do transporte público ou dos táxis por aplicativo.
Mas, além do uso, o carro é o meio preferido. As razões são profundas: liberdade, acesso e qualidade de vida.
“86% dos entrevistados acreditam que o carro melhora seu estilo de vida e facilita o deslocamento para o trabalho. 91% dizem que ele lhes dá a possibilidade de se locomover com facilidade como e quando querem. E 81% afirmam que ele lhes dá acesso a melhores oportunidades de trabalho, segurança e uma vida social ativa”, detalhou Viegas.
O automóvel se consolida, assim, não como um luxo, mas como um elemento fundamental de bem-estar e mobilidade social, especialmente para comunidades vulneráveis.
Boa vontade vs. Grandes barreiras
Diante da necessidade global de descarbonizar o transporte, responsável por 15% das emissões de CO2, o estudo explorou a disposição dos consumidores em adotar veículos movidos a novas energias.
A primeira notícia é animadora: o sentimento em relação a essas novas tecnologias é majoritariamente positivo, ultrapassando 70% em quase todos os países da América Latina e Ásia-Pacífico.
No entanto, a lacuna entre a intenção e a ação é enorme e está diretamente ligada ao conhecimento. Enquanto na Ásia-Pacífico cerca de 60% dos consumidores consideram um NEV para sua próxima compra, na América Latina esse número cai para menos de um terço (25%). Por outro lado, 75% dos latino-americanos ainda planejam comprar um veículo com motor a combustão interna.
“Quanto menos conhecimento, mais medo e mais apreensão em comprar”, explicou Viegas. Na América Latina, menos de 40% das pessoas afirmam conhecer bem as tecnologias dos NEVs, contra 80% na Ásia-Pacífico. Essa falta de familiaridade se torna uma barreira crítica.
Barreiras e facilitadores-chave para a adoção
A pesquisa identificou claramente os motores e freios para a transição. Os principais facilitadores para considerar um NEV são a consciência ambiental e a economia nos custos de uso (energia/manutenção).
No entanto, aspectos práticos como a familiaridade com a tecnologia e sua confiabilidade têm pontuação muito baixa na América Latina em comparação com a região asiática.
Por outro lado, as barreiras são contundentes e consistentes em todos os mercados. A primeira é o preço de compra inicial, significativamente mais alto do que o dos veículos tradicionais. A segunda, e talvez a mais crítica, dadas as expectativas de liberdade que o carro oferece, é a falta de infraestrutura de recarga.
“Uma rede de recarga limitada tira esse valor intrínseco de liberdade que o carro tem”, afirmou a diretora da Inchcape.
Apelo à ação colaborativa
A executiva indicou que o estudo não se limita a diagnosticar o problema, mas consulta os consumidores sobre as soluções e delineia o papel que cada ator social deve desempenhar para acelerar a transição.
Os governos e estados são vistos como fundamentais para implementar estratégias fiscais que atenuem o custo inicial, desenvolver regulamentações sólidas e promover incentivos de uso (como isenções de restrições veiculares) e investimento em infraestrutura pública de carga;
Viegas disse que as empresas de energia têm a dupla função de expandir a rede de carga de forma massiva e garantir um fornecimento estável e suficiente de eletricidade para atender à nova demanda;
Os fabricantes têm um papel “superfundamental”, nas palavras de Viegas, pois são eles que definem o roteiro dos produtos e a velocidade da transição.
“Eles também têm o papel de fortalecer o posicionamento desses carros e, crucialmente para países como os nossos, incluir os carros híbridos na visão de longo prazo”. A executiva ressaltou que, embora a meta seja zero emissões, deve haver uma transição pragmática que leve em consideração as idiossincrasias e capacidades de cada país.
Por fim, ela mencionou os distribuidores, como a Inchcape, que se posicionam como articuladores essenciais entre os fabricantes, o consumidor final e outros atores.
“Estamos muito próximos do consumidor, conhecemos nossos mercados e podemos orientar os fabricantes sobre a melhor solução para cada país”, afirmou.
Três ideias-chave para o caminho a percorrer
Laura Viegas encerrou sua palestra resumindo três ideias fundamentais que devem guiar o futuro da mobilidade sustentável na região.
Em primeiro lugar, ela reafirmou que a mobilidade pessoal tem um valor social único e insubstituível que melhora a qualidade de vida e representa uma oportunidade para que o acesso, que ainda é baixo em muitos países, se desenvolva com base em novas tecnologias.
Em segundo lugar, destacou que não existe uma solução única para todos. Cada estratégia deve estar enquadrada na realidade específica de cada país, sua infraestrutura, legislação e perfil do consumidor.
Por fim, e como mensagem central do estudo, concluiu que a transição só será possível com o trabalho conjunto e coordenado de todos os atores sociais: governos, empresas de energia, fabricantes, distribuidores e a sociedade civil.
“Temos que trabalhar todos juntos para que essa transição aconteça”, concluiu Viegas.
Você pode acessar o estudo clicando aqui.
O “Latam Mobility México 2025” está chegando
A indústria automotiva mexicana avança com passos firmes em direção a um futuro marcado pela inovação, eficiência e sustentabilidade.
As projeções para 2030 mostram um país com maior produção interna, liderança em eletromobilidade e uma sólida cadeia de valor local capaz de competir com os mercados mais exigentes do mundo.
Nesse contexto, o “Latam Mobility México 2025” será o cenário perfeito para conhecer em primeira mão os avanços, alianças e tendências que estão moldando o futuro do setor.
Fabricantes, autoridades, especialistas e empresas de tecnologia se reunirão para trocar experiências e acelerar a transição para uma mobilidade mais sustentável na América Latina, uma oportunidade única para o México mostrar ao mundo seu papel de protagonista na revolução automotiva.
Para mais informações sobre como participar e as opções de posicionamento, escreva para info@investinlatam.org.
Você também pode entrar em contato conosco pelo WhatsApp ou adquirir seu ingresso na pré-venda clicando aqui.