No segundo dia do “Latam Mobility Cono Sur 2025”, o painel “Cidades inteligentes: rumo a cidades inteligentes e sustentáveis” tornou-se um espaço de reflexão profunda sobre a integração da sustentabilidade no planejamento urbano.
Moderada por Óscar Jalil, diretor de Infraestrutura da Universidade Técnica Federico Santa María, a conversa reuniu líderes do setor para analisar os desafios e oportunidades que apresenta a transição para uma mobilidade limpa e eficiente, desde a eficiência energética e a economia circular até a criação de espaços verdes.
Jalil iniciou a sessão com uma reflexão poderosa, convidando os participantes a imaginar cidades livres de poluição sonora e ambiental, onde se deslocar de forma inteligente seja uma realidade.
“Isso não é uma utopia”, afirmou, ressaltando que, embora a eletromobilidade já seja rentável, existe um propósito maior: combater as mudanças climáticas, um problema transversal que afeta toda a humanidade e define o legado para as futuras gerações.
Desafios regulatórios e democratização do acesso
O primeiro tema abordado foi a transformação das frotas de transporte de passageiros e logística. Enzo Napoli, gerente de Relações Públicas da Uber Chile, destacou o compromisso da plataforma de ser neutra em carbono até 2040, mencionando o lançamento pioneiro do Uber Green em Santiago.
Ele identificou como principal obstáculo a rigidez regulatória, defendendo políticas públicas ágeis baseadas em dados.
“Por ano, são realizadas 20 milhões de viagens em aplicativos; são 20 milhões de dados que podem ajudar a planejar a infraestrutura de carga e a cidade”, explicou.
Da perspectiva da micromobilidade, Bernardo Barros Cortés, gerente nacional do Chile da Whoosh, enfatizou a importância de democratizar o acesso.
“Nossa ideia é que a mobilidade esteja disponível para todos”, declarou, detalhando sua expansão além dos bairros mais abastados de Santiago para setores como La Cisterna e San Joaquín, com mais de 8,5 milhões de viagens realizadas.
Além disso, ele concordou que a colaboração público-privada e as alianças estratégicas são o caminho para evoluir o sistema e planejar a infraestrutura do futuro.
Dados, conectividade e soluções de pagamento
O debate se concentrou então no papel facilitador da tecnologia. Pamela Peña, gerente de desenvolvimento de negócios de mobilidade da Telefónica Tech, destacou a importância de transformar dados em informações para a tomada de decisões.
“Não é a mesma coisa ter dados e ter informações. As informações adequadas em tempo real são o que permitem otimizar projetos de forma modular”, afirmou, defendendo uma digitalização humanizada que coloque as pessoas no centro.
Por sua vez, Nicolás Costa, diretor de Soluções para o Setor Público para a América Latina e o Caribe da Mastercard, abordou o ecossistema de pagamentos como um facilitador essencial.
Ele destacou a importância de soluções interoperáveis, seguras e fáceis de usar para que os projetos de infraestrutura sejam viáveis e atraentes para os usuários.
Além disso, citou o caso de sucesso de Valparaíso, onde, após um piloto prolongado, foi implementado o pagamento com cartão no transporte público integrado (trólebus, ônibus elétricos, trem e elevadores) e uma promoção com 50% de desconto que beneficiou milhares de usuários, demonstrando como o setor privado pode incentivar o uso do transporte sustentável.
Atração de investimentos e talentos
A partir de uma visão estratégica regional, Margarita Iskandarova, GR para Mercados Latino-Americanos da JET, analisou como a região pode atrair mais capital e talentos. “O desafio não é atrair investimentos, mas posicionar-se como um destino confiável”, afirmou.
Ela apontou três direções principais: alianças público-privadas sólidas, regras claras e previsíveis que deem estabilidade aos investidores e o desenvolvimento de talentos locais.
“A América Latina não deve pensar apenas em importar talentos, mas em desenvolver equipes locais. Queremos um produto verdadeiramente local que depois possamos exportar para o mundo”, explicou, destacando o valor de compartilhar dados com os municípios para o planejamento urbano.
O gargalo
O consenso do painel identificou a infraestrutura de carga como o principal gargalo para a massificação.
Pamela Peña argumentou que o desenvolvimento e a preservação exigem a participação de todos os atores: público, privado, academia e sociedade civil.
Além disso, ela alertou que, sem uma regulamentação clara e políticas estatais que transcendam os governos em exercício, todo o investimento fica comprometido. “Esta é uma questão de Estado e também diz respeito à generosidade com que vamos levar este projeto adiante”, enfatizou.
Margarita Iskandarova ofereceu uma perspectiva a partir da micromobilidade, apresentando-a como uma porta de entrada imediata para que os usuários se familiarizem com a infraestrutura elétrica, abrindo caminho para uma adoção mais ampla.
Sustentabilidade de ponta a ponta
A questão mais complexa girou em torno da sustentabilidade integral da cadeia de valor.
Bernardo Barros (Whoosh) reconheceu que a eletromobilidade é uma transição, não uma solução mágica, e defendeu práticas responsáveis na extração de minerais, inovação na fabricação de baterias para reduzir a dependência de recursos críticos e o desenvolvimento de uma indústria local robusta de reciclagem e reutilização para criar uma economia circular real. “Não se trata de transferir o problema, mas de assumir o processo”, afirmou.
Nicolás Costa (Mastercard) compartilhou exemplos de como sua empresa reduz seu impacto, como a migração para cartões de materiais recicláveis e digitais e o desenvolvimento de calculadoras de pegada de carbono para que os usuários tomem decisões informadas.
Margarita Iskandarova (JET) disse: “A confiança do mercado não se constrói apenas com um produto eficiente, mas com a garantia de que todo o ciclo de vida é responsável. Isso inclui desenvolver a capacidade local para gerenciar resíduos, transformando um custo oculto em uma oportunidade de inovação e novos empregos verdes na América Latina”.
Pamela Peña (Telefónica Tech) encerrou a reflexão enfatizando que, embora seja um negócio, deve haver generosidade e regras específicas que abordem toda a vida útil da tecnologia e seu descarte final. “A aposta está na inovação em uma economia circular. Temos os meios para fazer isso”.
O painel foi encerrado com um forte apelo à ação coletiva. Os especialistas concordaram que o roteiro para cidades inteligentes e sustentáveis na América Latina está escrito sobre três pilares indivisíveis: colaboração estratégica entre os setores público e privado, regulamentações ágeis baseadas em dados que promovam a inovação e uma visão de sustentabilidade integral que assuma a responsabilidade por toda a cadeia de valor, garantindo que a transição energética seja justa, inclusiva e genuinamente verde.
O “Latam Mobility México 2025” está chegando
O “Latam Mobility México 2025” será o cenário perfeito para conhecer em primeira mão os avanços, alianças e tendências que estão moldando o futuro do setor.
Fabricantes, autoridades, especialistas e empresas de tecnologia se reunirão para trocar experiências e acelerar a transição para uma mobilidade mais sustentável na América Latina, uma oportunidade única para o México mostrar ao mundo seu papel de protagonista na revolução automotiva.
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