Lei de eletromobilidade no Brasil: avanços nos níveis federal, estadual e municipal

Ley de Movilidad Eléctrica en Brasil

O Brasil ainda não possui uma lei de eletromobilidade em âmbito nacional, mas seu papel como maior mercado automotivo da América do Sul e a crescente frota de veículos elétricos vêm impulsionando novas regulamentações.

Propostas legislativas estão em debate em todos os níveis de governo: federal, estadual e municipal.

Iniciativas federais em destaque

Na Câmara dos Deputados, o PL 497/2025, apresentado em março, propõe deduções no Imposto de Renda para pessoas físicas e jurídicas que invistam em infraestrutura de recarga e energia renovável voltada à eletromobilidade.

Entre os investimentos dedutíveis:

  • Instalação de carregadores públicos ou compartilhados
  • Sistemas solares ou eólicos vinculados a pontos de recarga
  • Baterias estacionárias ou microrredes de acesso aberto

Outro projeto relevante, o PL 158/2025, busca garantir o direito de condôminos instalarem carregadores privados em suas vagas, desde que sigam normas técnicas.

Já o PL 2156/2021, em fase final de discussão, incentiva (sem obrigatoriedade) a instalação de carregadores em edifícios novos e propõe uma futura Política Nacional de Eletromobilidade.

Essa política incluiria:

  • Incentivos à compra de veículos elétricos
  • Apoio à expansão da rede pública de recarga
  • Estímulo à conversão de veículos a combustão
  • Regras para a comercialização de eletricidade para mobilidade elétrica
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Estados oferecem incentivos fiscais para atrair investimentos

Diante da retomada gradual das tarifas de importação de veículos elétricos (de 0% para 35% até 2026), vários estados estão propondo isenções fiscais para estimular o setor.

  • Mato Grosso do Sul: propõe reduzir o IPVA em até 70% para veículos elétricos
  • Piauí, Maranhão e Ceará: já oferecem isenção total do IPVA
  • São Paulo: discute reativar desconto de 50% no IPVA para elétricos e híbridos

Em Santa Catarina, o governo planeja ampliar a rede de carregadores de 35 para 100 unidades até o final de 2025, com apoio da “Rota Elétrica Catarinense”.

Leia também: O Brasil está trabalhando em um projeto para impulsionar a mobilidade elétrica

Municípios promovem infraestrutura urbana de recarga

Nas cidades, os vereadores também atuam para fortalecer a rede urbana de recarga, fator essencial para a consolidação da eletromobilidade.

Em Curitiba, tramita um projeto que exige um carregador a cada 50 vagas em estacionamentos públicos e shoppings novos.

São Paulo já exige infraestrutura mínima para VE em construções novas, como fiação e pontos de energia dedicados.

Em Porto Alegre, foi apresentado um projeto para que operadores de ônibus públicos substituam 50% da frota por elétricos em 10 anos, e 100% em 20 anos.

Desafios e perspectivas

A reforma tributária, prevista para 2027, introduzirá um “imposto seletivo” sobre produtos poluentes, e há debate sobre a inclusão dos veículos elétricos devido ao impacto ambiental das baterias.

Apesar das incertezas, o setor avança. Segundo a ABVE, em março de 2025 foram vendidos 14.380 veículos leves eletrificados, aumento de 31,5% em relação a 2024.

Com o amadurecimento do mercado, a lei de eletromobilidade no Brasil será decisiva para definir o ritmo e o alcance da transição energética.