Durante o terceiro trimestre de 2025, o investimento automotivo no México apresentou uma desaceleração significativa, em meio a um ambiente global mais restritivo e maior cautela por parte das empresas diante da revisão do Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC).
No entanto, o país manteve sua posição como um dos principais destinos de investimento industrial na América do Norte, graças a projetos focados na cadeia de valor da eletromobilidade, autopeças e infraestrutura industrial.
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Queda nos valores, mas foco no valor tecnológico
O Relatório de Investimentos Automotivos 3T 2025, elaborado pela Cluster Industrial Media e sua Área de Inteligência de Negócios, registrou 45 projetos de investimento provenientes de 12 países, com um valor total de 953,91 milhões de dólares, o que representa uma contração de 83,75% em relação ao mesmo período de 2024.
Apesar da queda no fluxo de capital, o relatório destaca uma transformação qualitativa do ecossistema industrial mexicano: menos projetos de grande volume, mas com maior conteúdo tecnológico, integração regional e sofisticação nos processos.
“A reorganização que estamos observando não é um sinal de fraqueza, mas de maturidade do ecossistema. As empresas estão priorizando projetos com integração regional e conteúdo tecnológico, além do volume imediato de investimento”, disse Ricardo Vivero, CEO da Cluster Industrial.
O relatório é patrocinado pela Mundi, uma empresa fintech especializada em financiamento flexível para exportadores industriais no México.

Autopeças e eletromobilidade: motores de investimento
Entre julho e setembro de 2025, 58% dos projetos registrados corresponderam ao setor de autopeças, enquanto as montadoras (OEM) representaram apenas 5%. No total, o investimento direto automotivo atingiu US$ 672,49 milhões no trimestre.
O setor de autopeças, fornecedores Tier 1 e Tier 2, concentrou US$ 585,39 milhões, impulsionado por novas fábricas da UTAS-NOVA (China, Aguascalientes), HCMF (Taiwan, Coahuila) e Mubea (Alemanha, Guanajuato).
Os projetos relacionados à eletromobilidade somaram US$ 393,8 milhões, com investimentos relevantes da Bayon Precision Automotive (China) e Sinbon Electronics (Taiwan) em San Luis Potosí, consolidando a região do Bajío como epicentro da manufatura elétrica.
Por outro lado, o desenvolvimento imobiliário industrial mostrou maior resistência à desaceleração, com US$ 281,42 milhões investidos em novos parques industriais, equivalentes a 17,8% do total de projetos e 493 hectares em construção. Os desenvolvedores nacionais MEOR, Marabis e Grupo Desarrollador ESFO lideram essa expansão.
“Embora os valores tenham se moderado, os projetos ativos mostram maior sofisticação tecnológica e vinculação com cadeias de valor regionais. É um trimestre de consolidação mais do que de expansão”, explicou Daniel Romo, líder de Inteligência de Negócios do Cluster Industrial.
Nuevo León, Guanajuato e San Luis Potosí
Por entidade, Nuevo León, Guanajuato e San Luis Potosí lideraram a captação de investimentos automotivos durante o terceiro trimestre.
Em Nuevo León, destacaram-se os projetos da Xiamen Intretech (China, US$ 60 milhões) e Steelform (Suíça/EUA, US$ 60 milhões), focados em manufatura avançada.

Guanajuato, por sua vez, consolidou sua liderança com 33 investimentos ativos, enquanto San Luis Potosí fortaleceu seu papel estratégico em eletromobilidade com as novas fábricas chinesas e taiwanesas.
Quanto à origem do capital, a Ásia voltou a dominar os investimentos automotivos mexicanos.
- A China manteve sua presença com US$ 152,04 milhões em manufatura eletrônica e alumínio automotivo, apesar de uma queda de 87,79%.
- A Coreia do Sul reforçou seu papel como parceiro tecnológico fundamental, com a LG (190,6 milhões de dólares) em Querétaro e a Kyungshin Cable (50 milhões de dólares) em Durango.
- A Europa e a América do Norte consolidaram sua participação com projetos da Mubea, Hella (Forvia), Tenneco e Ampure, entre outros.

Uma pausa estratégica
O relatório conclui que o terceiro trimestre de 2025 representa um período de maturidade e reajuste, mais do que uma contração estrutural.
As empresas priorizam a certeza, o conteúdo regional e o alto valor tecnológico, em preparação para a próxima onda de relocalização esperada entre 2026 e 2027.
Embora o valor acumulado de janeiro a setembro tenha atingido US$ 5.748,84 milhões, o equivalente a uma queda de 57,68% em relação ao ano anterior, o número total de projetos cresceu 1,27%, e os 1.867 hectares em construção (+13,4%) antecipam uma reativação industrial.
“O mercado está em pausa, mas não parado. As empresas aguardam definições sobre regras de origem e estímulos à manufatura local para detonar a próxima onda de investimentos”, enfatizou Ricardo Vivero.
Apesar da moderação temporária dos valores, o México continua fortalecendo seu papel como plataforma regional de produção e exportação automotiva, com uma transição firme para a eletromobilidade e a manufatura avançada.
O investimento estrangeiro, embora mais cauteloso, mantém sua confiança na capacidade industrial do país, enquanto o ecossistema local se adapta aos novos desafios de eficiência, sustentabilidade e competitividade global.

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