O futuro da recarga é projetado por todos: Autel, Huawei, Latnovva e SynergEV lideram o debate no “Latam Mobility México 2025”

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No âmbito do encontro Latam Mobility México 2025, líderes da indústria se reuniram no painel “Descarbonização do transporte a partir da infraestrutura de recarga: rumo a um futuro sem emissões a partir da inovação tecnológica”.

O debate, moderado por Andrés García, diretor de Mobilidade da Invest in Latam, colocou em discussão estratégias, desafios e casos de sucesso para impulsionar a transição energética no setor de transporte, com ênfase particular no desenvolvimento de um ecossistema de recarga robusto, colaborativo e inteligente.

Os participantes concordaram que a América Latina, e o México em particular, deixaram de ser um mercado emergente para se tornarem líderes com um potencial de crescimento extraordinário, apoiado por metas ambiciosas, como atingir 100% das vendas de veículos elétricos até 2035.

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A infraestrutura: espinha dorsal da transição

Andrés García, ao abrir a sessão, estabeleceu o tom ao afirmar que a mobilidade sustentável tem dois elementos indispensáveis: “a infraestrutura de recarga e a natureza da energia”.

Ele ressaltou que é impossível descarbonizar as cidades sem uma rede de recarga que satisfaça as demandas das novas tecnologias, que apresentam fluxos e particularidades que o mercado está começando a compreender em toda a sua dimensão.

Gonzalo Gómez Rivera, gerente de Desenvolvimento de Negócios EV da Huawei Digital Power, ampliou essa visão ao levantar a necessidade de pensar na infraestrutura de forma integral. “Não é viável pensar que cada um terá sua infraestrutura de recarga no local”, afirmou, destacando as limitações de capacidade elétrica em parques industriais.

Gómez defendeu a criação de “oásis de recarga” públicos e resilientes, que integrem geração fotovoltaica e armazenamento de energia, permitindo um modelo mais amigável com a rede e financeiramente viável para os desenvolvedores de frotas.

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A chave para a rentabilidade

Um dos temas centrais foi a busca por esquemas de negócios inovadores que permitam maximizar a utilização dos pontos de carga.

César Alor Salinas, diretor de vendas de veículos elétricos da Autel para a América Latina, revelou um número eloquente: dos aproximadamente 52.000 pontos de recarga no México, 48.000 são privados. “Há muito espaço subutilizado”, afirmou, o que abre as portas para modelos como o revenue sharing (compartilhamento de receitas).

Alor compartilhou um caso de sucesso com um hotel que, após instalar carregadores, viu um aumento de 15% em suas reservas, gerando não apenas “receitas verdes” diretas pela recarga, mas também um aumento em seu negócio principal. “Na Autel, capacitamos essas empresas a gerar receitas verdes fazendo uso desse espaço que hoje está subutilizado”, explicou.

Patricia Baires, gerente de desenvolvimento de negócios da SynergEV para a América Latina, enfatizou o conceito de “recargas colaborativas”. Essa estratégia consiste em locais como hotéis ou shopping centers disponibilizarem suas estações para frotas externas, otimizando o investimento e criando uma rede funcional que garanta percursos completos para o transporte de mercadorias e passageiros.

“É ter um espaço onde possamos designar frotas para que possam utilizá-lo e que as viagens sejam completas”, disse Baires.

Os setores de crescimento acelerado

Ao consultar os especialistas sobre os segmentos de maior crescimento, o consenso apontou para as frotas comerciais e o transporte público. Patricia Baires identificou um aumento significativo nas frotas de última milha e transporte pesado, mesmo com veículos de diferentes protocolos dentro da mesma frota.

As frotas no México são um dos segmentos que mais crescem”, afirmou, destacando a importância de adequar o tipo de carregador, não necessariamente ultrarrápido, às necessidades operacionais reais, apoiando-se em software de telemetria para otimizar o consumo.

Daniela Flores, diretora geral da Latnovva E-Mobility, ressaltou a importância do transporte público como uma “grande âncora” para os investimentos e, embora reconheça a complexidade de trabalhar com vários atores, incluindo o governo, afirmou que é uma oportunidade única.

“É a nossa oportunidade de nos aproximarmos e demonstrarmos com números e fatos que isso é possível”, disse Flores, e instou a mudar a mentalidade e entender que a eletricidade, em qualquer horário, continua sendo mais econômica que o diesel.

Gonzalo Gómez, da Huawei, acrescentou que, embora as frotas comerciais tenham enfrentado desafios, o setor de motoristas por aplicativo se tornou um dos principais motores do mercado. Esse crescimento, disse ele, vem acompanhado de um aumento no número de desenvolvedores de infraestrutura projetada para esse usuário específico, tornando a eletromobilidade mais acessível a cada dia.

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Daniela Flores y Patricia Baires

Inovação tecnológica para um ecossistema resiliente

A inovação foi apresentada como o elemento facilitador para superar os desafios técnicos e de custos. César Alor explicou que a Autel integra algoritmos de inteligência artificial em seus carregadores para gerenciar a demanda e realizar um equilíbrio dinâmico de energia, crucial em um país com uma rede elétrica que nem sempre é robusta.

“Na Autel, inovamos para a inclusão. Queremos que todos sejam incluídos, que todos tenham a oportunidade de fazer essa transição”, afirmou.

Por sua vez, Daniela Flores destacou a importância de um projeto de engenharia preciso. “Cada instalação é um mundo”, disse ela, enfatizando a necessidade de criar projetos seguros, respeitosos com a rede e com custos otimizados.

“Buscamos maneiras de incluir elementos no projeto de engenharia para reduzir custos e garantir que a instalação seja adequada, que não falte nem sobre nada, que seja justa”.

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Andrés García, César Alor, Daniela Flores, Patricia Baires e Gonzalo Gómez

Oportunidade e colaboração

No encerramento do painel, os especialistas dirigiram uma mensagem contundente ao público. Gonzalo Gómez (Huawei) destacou a “enorme oportunidade” no desenvolvimento de infraestrutura, desde que abordada com uma visão de ecossistema.

César Alor (Autel) declarou que não vê mais o México como um mercado emergente, mas como um líder, citando as projeções de 150.000 veículos de novas energias para 2025. “Para o bem de todos, continuemos carregando o futuro”, concluiu.

Daniela Flores (Latnovva) fez um apelo para que se perca o medo. “A eletromobilidade é uma mudança de mentalidade. Estejam abertos, perguntem e estamos aqui para atendê-los”.

Por fim, Patricia Baires (SynergEV) resumiu o espírito do painel em duas palavras: recargas colaborativas. “Compartilhamos o que já temos em infraestrutura de recarga para que todos possamos continuar acreditando nessa transição que não precisa ser necessariamente difícil, mas se todos nos apoiarmos, vamos caminhar mais rápido nessa direção”.

O painel deixou claro que o caminho para a descarbonização do transporte no México e na América Latina está pavimentado com inovação, modelos de negócios inteligentes e, acima de tudo, uma colaboração sem precedentes entre todos os atores do ecossistema de mobilidade sustentável.