No âmbito do encontro “Latam Mobility Cono Sur 2025”, foi realizado um painel dedicado às tecnologias emergentes no setor automotivo, no qual especialistas nacionais e internacionais exploraram como as inovações estão revolucionando o mercado de veículos leves elétricos e transformando a experiência do usuário.
O painel, intitulado “Ecossistema de veículos leves eletrificados no Cone Sul: desafios e soluções para uma transição sustentável”, foi moderado por Gustavo Hunter, chefe do Departamento de Mobilidade Sustentável da ANAC, e contou com a participação de representantes da GM Chile, Inchcape Américas, Toyota Chile e do Ministério dos Transportes e Telecomunicações.
Gustavo Hunter iniciou a sessão contextualizando o crescimento global do mercado de veículos elétricos, que nos primeiros sete meses de 2025 registrou um aumento de mais de 27% em relação ao ano anterior.
Enquanto na China a participação de mercado ultrapassa 50% e na Europa gira em torno de 24%, o Brasil (6,5%) e a Colômbia (7,7%) lideram a adoção no sul do continente. O Chile, com 2,6%, evidencia um avanço positivo, mas ainda incipiente, o que destaca a necessidade de abordar os desafios específicos da região.
Múltiplos atores de um ecossistema complexo
Hunter enfatizou que a eletromobilidade requer a inclusão de um ecossistema diversificado. “A incorporação de veículos elétricos inclui o trabalho de diferentes agentes: o setor energético com os fornecedores de carga; os consumidores; o setor público com regulamentações e incentivos; e o setor automotivo, com importadores e fabricantes”, disse ele, dando início às apresentações dos palestrantes.
Patricio Gómez, gerente nacional da GM Chile, destacou o compromisso histórico da montadora e sua visão de “zero emissões, zero congestionamento”, enquanto Rodrigo Medina González, chefe da Divisão de Planejamento do Ministério dos Transportes e Telecomunicações, enfatizou o compromisso do Estado com a sustentabilidade e o papel fundamental da eletromobilidade nos planos diretores de transporte para cumprir a meta de neutralidade de carbono até 2050.
Por sua vez, Claudio Isgut, gerente de ESG e Assuntos Públicos da Toyota Chile, apresentou a estratégia “Beyond Zero” da marca, que busca ir além das emissões zero. “Estamos muito comprometidos com a meta do país para 2035 e 2050 de alcançar a neutralidade de carbono”, afirmou.
José Miguel Silva, diretor regional de Veículos de Nova Energia da Inchcape Américas, explicou o papel de sua empresa como distribuidora global: “Buscamos ampliar a oferta e aproximar a eletromobilidade e as diferentes soluções dos clientes em todos os mercados em que estamos, com a gama completa: micro-híbridos, híbridos, híbridos plug-in e elétricos”.

Incentivos, infraestrutura e educação como aceleradores
Ao abordar os desafios para a massificação, José Miguel Silva, da Inchcape, foi categórico: “As razões do atraso relativo são bastante evidentes: o maior custo de acesso às novas tecnologias e à infraestrutura de recarga”.
Ele apontou que existe uma correlação direta entre os incentivos públicos e a penetração, citando os casos da Costa Rica e da Colômbia. “Em termos simples, se pensarmos em aceleradores, claramente isso passa por políticas públicas, desenvolvimento da rede de infraestrutura e, do nosso ponto de vista, educação para derrubar mitos existentes”, afirmou.
Da perspectiva de um fabricante global, Claudio Isgut, da Toyota, defendeu uma transição pragmática e diversificada. “Os desafios são grandes e visíveis em cada região. A Toyota precisa pensar em não deixar ninguém para trás. Aqui, mais do que nos concentrarmos na tecnologia, acreditamos que o CO2 é o inimigo comum”.
Isgut ilustrou essa abordagem com uma metáfora poderosa: “Com os materiais para fabricar um veículo 100% elétrico, é possível fazer seis híbridos plug-in ou 90 híbridos tradicionais. A ideia é fazer mais com menos para reduzir as emissões de forma mais imediata e acessível”.
Preço, percepção e o papel das marcas
O alto preço inicial foi apontado como uma barreira principal. Patricio Gómez, da GM Chile, destacou os esforços para aproximar produtos mais acessíveis, como o novo Spark EV, e programas específicos como “Mi Taxi Eléctrico” para descentralizar a eletromobilidade para além de Santiago.
“Temos que trabalhar para aproximar muito mais nossos clientes de produtos que sejam acessíveis e preparar as equipes tecnicamente para que os clientes percam o medo”.
José Miguel Silva complementou, apontando que o custo da tecnologia está caindo naturalmente e que é vital educar o cliente sobre o “custo total de propriedade”, que inclui economias significativas em manutenção e operação.
Por sua vez, Claudio Isgut, da Toyota, concordou com a importância de uma comunicação transparente: “É preciso explicar muito bem aos clientes; vender um veículo a um preço muito competitivo que não é necessariamente a tecnologia que vai servir para eles pode gerar uma experiência ruim”.

A micromobilidade e a multimodalidade
Rodrigo Medina, da SECTRA, introduziu uma perspectiva crucial e muitas vezes esquecida no debate: a multimodalidade.
“Quando falamos de mobilidade sustentável, há uma dimensão muito importante que são as emissões, mas também temos outros desafios, como o uso eficiente do espaço”, explicou.
Ele destacou a micromobilidade elétrica (bicicletas, patinetes) como uma oportunidade de enorme potencial. “Em Santiago, 1,5% do espaço público nas vias é dedicado à micromobilidade, mas o número de viagens supera em muito essa porcentagem. O desafio está em criar uma infraestrutura segura”.
Medina esclareceu que o papel do Estado é fundamental para criar incentivos que promovam a eletromobilidade privada com foco na descarbonização, mas deixou claro que isso “não necessariamente leva à diminuição do congestionamento. As cidades não podem se mover apenas com transporte privado”.
Reflexões finais: um apelo à colaboração
Em suas conclusões, os palestrantes concordaram com a necessidade de um esforço coletivo e políticas de longo prazo.
José Miguel Silva (Inchcape) destacou como uma boa prática chilena o marco de interoperabilidade de carregadores liderado pela SEC, que evita a fragmentação de padrões e facilita o desenvolvimento do ecossistema.
Patricio Gómez (GM Chile) enfatizou: “Se não fizermos um esforço coletivo, será difícil avançar. O Estado, a indústria, as energias, até mesmo os usuários. Todos temos que fazer esse grande esforço”.
Claudio Isgut (Toyota Chile) convidou a “não ter medo de sacrifícios” estratégicos, como o que a Toyota fez ao deixar de vender seu modelo mais popular apenas na versão a combustão, priorizando os híbridos para cumprir metas de eficiência energética por um “bem maior da sociedade”.
Rodrigo Medina (SECTRA) encerrou com uma reflexão importante: “A eletromobilidade desempenha um papel crucial, mas se nosso objetivo é a mobilidade sustentável, temos que fazer esses mesmos esforços em todos os modos de transporte, não apenas no veículo particular”.
O painel deixou claro que a transição para a mobilidade sustentável no Cone Sul é um caminho multifacetado que requer uma estratégia pragmática, inclusiva e colaborativa, onde a diversificação tecnológica, políticas públicas inteligentes e educação do consumidor são pilares fundamentais para não deixar ninguém para trás.

A “Latam Mobility México 2025” está chegando
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